vinte e seis
de Novembro
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a cidade perdeu o brilho. Os olhos fogem.
seis anos. Estranha forma de ser esta - conheço-me de novo para dar conta que sempre fui. Exactamente como neste momento, exactamente como desde sempre.
(convenhamos no entanto que o estado físico é outra história)
não me ocorreriam datas não fosse o tempo decorrido uma contagem decrescente para uma experiência à qual desconheço data ou circunstâncias. Uma verdadeira vertigem de corpo meio fora, insistente em se fazer perceber - e eu faço-me de burra.
observo passados uns anos, raridades de cores pouco abundantes - aquelas de olhos fugidios que jogam ao faz-de-conta, tentam confundir-me, intrusivos e deliciosos.
desaparecem ao dormir (caso o sonho não apele).
não confundir com o carácter purista de nariz empinado e problemas em ouvir um "não", são opções que não me são dadas a escolher. Opções na mesma!
e nos devaneios de sono a presença pede-me para sentir. Estou farta de sentir o que não devo.
afogo a respiração na almofada e reviro os olhos - mas nunca a almofada foi boa companhia para a paixão.